Sinto-me triste, infinitamente só. Nada do que faça, pense ou sonhe possui qualquer sentido. Apenas a enorme frustração que sinto no meu interior. Uma tristeza, uma qualquer coisa que me consome por dentro e se alastra como uma doença infecciosa. Talvez a eterna tristeza seja isso mesmo, uma condição infecciosa de uma disposição incurável. Talvez a solidão apenas se reflicta como uma repercussão de um imenso vazio que preenche involuntariamente a alma e a deixa, assim… desfeita. Como se recupera de uma condição vazia? De uma disposição inaparente, de uma condição que apenas existe no nosso âmago, no nosso cerne? Não sei, mas é tão entristecedora esta condição. Todas as minhas acções são impotentes sobre esta. Deixa de corresponder a um problema para passar a fazer parte de mim. A tristeza é uma porção minha, uma parte que me pertence desde de cedo. Queria chorar nos braços de alguém, mas não sou capaz. Queria gritar, mas tal não me é permitido. Queria ser feliz, mas isso sim é impossível. O que hei-de fazer? Chorar na solidão, olhar para o rio enquanto enumero as atitudes que mais me ridicularizaram durante toda a vida? Não o vou fazer. De nada valeria. O chorar, o espernear, o simples grito é apenas um meio deprimente para se evidenciar a nossa própria impotência face ao real, face a tudo o que nos apresenta como um subtil traçar de destinos.
Destinos, curioso esta escolha de palavras. È muito mais fácil quando se culpabiliza algo superior pelo nosso próprio fracasso. O destino é apenas uma escapatória para a nossa própria cobardia em admitir que somos inúteis e que nada podemos fazer para o alterar. Gostava de pensar de forma diferente, mas como? Toda a capacidade que tinha para sonhar, perdi-a. Todo a esperança em ser algo importante para alguém ou mesmo para mim própria desvaneceu-se. Sou apenas uma rapariga ridícula. Uma rapariga que de tão idiota, se acha no direito de aclamar por certos sentimentos, que não lhe estão de todo reservados...