Ambiciono tanto, mas tenho tão pouco. Quero o infinito mas apenas por mim passa o finito e o incompleto. Desejo a plenitude, a felicidade, o calor de uns braços que me façam estremecer, o sorrio de uma criança que me faça empalidecer. Quero tanto, mas tão pouco tenho. É um pensamento bastante linear, porém estupidamente complexo. Um dia sentei-me, um dia chorei, um dia enfrentei tudo aquilo que desejo e tudo aquilo que por mais que sonhe não será meu, um dia apenas deixei-me estar. O deixar estar é o mal do humano, é o mal de quem consegue pensar no passado e inferir sobre o futuro, é o mal de qualquer ser que deseje a felicidade. A felicidade não é um sentimento comum, banal, mas sim algo escasso e reservado a alguns ou então a nenhuns. Não adianta sonhar, não adianta procurar a felicidade. Ou ela chega a nós, por livre e espontânea vontade ou então apenas não estamos escritos no seu pequeno caderno branco. Existem milhares de pessoas que mudam de sitio, que mudam de hábitos, que mudam a própria maneira de ser, ambicionando, quiçá sonhando, com uma felicidade eterna e doce, com uma felicidade cuja simplicidade apenas estará resguardada a quem lhe saiba dar valor. Para quê? Para quê desejar algo que toda a humanidade sabe ser impossível. Não existe felicidade, não existe plenitude completa, não existe nada que seja infinito e simples em simultâneo. Apenas existe o efémero, o seleccionado, o complexo. Se o homem é finito e ambicioso então qual seria a lógica de lhe conceder algo eterno e esclarecido? Não vale a pena lutar por aquilo que apenas existe em sonhos.
Seria tudo mais fácil se existissem listas, nas quais quando atingíssemos a maioridade visemos a presença ou ausência do nosso nome na coluna da felicidade, ou apenas na coluna da estupidez eterna. Seria tudo mais fácil se não pensássemos, se não possuíssemos a consciência da nossa própria incapacidade em atingir o que queremos. Mas as coisas não são assim, não são fáceis, se assim fossem não teriam piada, certo? Pelo menos é no que gosto de acreditar…